Desafios éticos atuais

Com a investigação da Ação Penal 470 (Mensalão), iniciou-se um processo de combate institucional da corrupção, que parecia não ter precedentes no Brasil. Pela primeira vez, parecia que estávamos enfrentando publicamente uma das maiores chagas do nosso país. A impressão, que se tem, do ponto de vista do observador, é que a sequência de eventos, na verdade, reforçou esse sentimento: a promulgação da nova lei de lavagem, da lei anticorrupção e, em especial, a investigação denominada Lava-Jato pareciam ser provas de que se estava entrando e um novo momento, o início de uma nova fase de superação de uma patologia institucional antiga (a, para uns, fundacional) do nosso país.

Aparentemente, porém, a forma como todo esse processo tem sido conduzido, de forma consciente ou não, parece estar criando risco crescente: da mesma maneira, que, à medida que esse processo de enfrentamento se torna mais amplo, aumentam as esperanças dos cidadãos brasileiros de que o problema será superado, essa tentativa de resolver o problema definitivamente e rapidamente pode gerar uma frustração: as notícias recentes de relatórios de comissões parlamentares de inquérito, de início de análise nos tribunais superiores de medidas de investigação não respeitaram direitos fundamentais e uma série de outras notícias similares são um exemplo disso. O desafio atual da nossa crise institucional e ética é exatamente este: combater a chaga da corrupção sem romper com as bases de um Estado Democrático de Direito, somente assim vamos conseguir transformar esse processo em processo de aprendizagem.

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