por Thiago Barbosa, Diretor Administrativo da LexisNexis para a América Latina

A utilização de boas práticas de governança tem se mostrado fundamental nos últimos anos para assegurar o sucesso e perenidade das organizações, principalmente no que diz respeito à segurança e retorno financeiro aos sócios. Não à toa, a pressão para gerenciar riscos de forma proativa é maior do que nunca, sendo a pauta ESG mais um elemento dessa nova forma de condução de negócios. É nítido para todos que a pauta ESG está mudando as estratégias de investimento globalmente, e quando aliada às demais políticas de boas práticas e transparência na governança corporativa, têm-se oportunidades tangíveis para agregar valor e gerar riqueza de forma sustentável.
É fato, portanto, que o nível de governança corporativa influencia significativamente o desempenho da organização e sua avaliação de mercado. Ter uma boa governança é um fator-chave para o crescimento corporativo sustentável e garante uma vantagem competitiva de longo prazo. Um dos principais aspectos a serem considerados, para aumentar o nível de governança, é justamente a sedimentação dos processos de Investigação e Due Diligence como peças fundamentais para mapear as tendências de risco e garantir segurança aos negócios. Ou seja, dentro desse escopo, incluir a pauta ESG nesses processos passa a ser quase que obrigatório para garantir que a organização esteja em linha com essas novas estratégias de investimento e avaliação.
Afora as óbvias questões reputacionais e de reconhecimento de mercado, listo abaixo outros três pontos de atenção pelos quais tornam-se imperativas as ações dedicadas à pauta ESG:
1. Órgãos reguladores vão cobrar maior aderência à pauta ESG
O viés de pensamento relativo à governança corporativa está mudando e sendo cada vez mais ampliado para incluir novas condições que respeitem preceitos éticos, responsáveis e sustentáveis, dentro da cultura e das atitudes práticas diárias que revelam como uma empresa conduz seus negócios. Fatores ambientais, sociais e de governança já dominam as previsões feitas para risco e os órgãos reguladores estão atentos aos movimentos e relatórios das empresas nesse sentido, impondo cada vez mais a ampliação dos quesitos necessários para uma boa governança.

Um exemplo é uma resolução aprovada pelo Parlamento Europeu, em março de 2021, que promete uma legislação que apoie a due diligence obrigatória em direitos humanos, meio ambiente e boa governança – e essa é apenas uma das várias novas propostas que a União Europeia vem considerando.
Vale observar também que é crescente o impulso judicial em direção à responsabilidade corporativa e questões ESG. Os tribunais ingleses, por exemplo, vêm abrindo caminho para que as empresas sejam legalmente responsabilizadas por impactos ESG de suas subsidiárias, e até mesmo de terceiros em sua cadeia de suprimentos. Agências reguladoras na China, Hong Kong, Cingapura e Malásia também começaram a introduzir orientações e regras focadas no aspecto ambiental dos relatórios ESG e due diligence. Ou seja, existem vários esforços contínuos para formalizar obrigações ESG.
Considerando essa movimentação global, nos parece apenas natural e inexorável que exigências legais para inclusão da pauta ESG em processos de due diligences e investigações estejam muito próximas.
2. Gerenciamento de riscos de terceiros precisa ter seu escopo ampliado
No passado, e atualmente, a due diligence de integração de terceiros enfatizava, e ainda enfatiza, a verificação da estabilidade financeira, juntamente com verificações de sanções e PEPs para mitigar o risco de suborno e corrupção.Todavia, para o futuro isso pode já não ser o suficiente. Um relatório produzido pela consultoria Gartner expõe que “mais de 80%dos líderes jurídicos e de compliance nos dizem que riscos relacionados a terceiros foram identificados após a integração e due diligence iniciais, sugerindo que os métodos tradicionais de due diligence na política de gerenciamento de risco não conseguem capturar aqueles em evolução”.
Infere-se, portanto, que as due diligences tradicionais precisam ser ampliadas para abarcar os riscos relacionados ao ESG. Além disso, as empresas necessitam expandir a profundidade desses processos para além dos fornecedores diretos, a fim de também avaliar o potencial de risco dos relacionamentos indiretos. As pressões regulatórias são apenas algumas das razões para tal. Estar associado, mesmo que indiretamente, a danos ambientais, trabalho forçado ou corrupção, por exemplo, pode levar a sérios riscos reputacionais.
3. Aproveitar-se de tecnologia e dados para apoiar a resiliência
De acordo com a pesquisa “All Inside the Mind of the CCO” (Tudo Dentro da Mente do CCO), da Compliance Week, 25% dos profissionais de compliance e risco dizem que “a falta de suporte e recursos” é o que os faz estender a jornada de trabalho. É aí que a adoção de tecnologias que economizem tempo e utilizem dados alternativos pode ajudar as organizações.
Sendo assim, faremos algumas sugestões abaixo que podem otimizar processos e aumentar a produtividade:

 

● Buscar soluções flexíveis de SaaS (Software as a Service) para conduzir investigações abrangentes e monitorar o risco de terceiros, sempre em acordo com as políticas específicas de cada corporação;
● Utilização de dados alternativos para predição de riscos de forma mais rápida e mais inteligente, considerando cenários não usuais;
● Automatizar processos manuais, como triagem de notícias adversas, para permitir um aumento do volume, do escopo e da velocidade de atualização dos dados, de forma controlada e, ao mesmo tempo, liberando recursos para análise e tomada de decisões; e
● Integração dos vários conjuntos de dados relevantes e alternativos em APIs internas para melhoria das análises.

 

A adoção de novas tecnologias e dados alternativos é o que mais ajudará as organizações a criar processos de gerenciamento de risco escaláveis, com economia de tempo e custo, que consigam acompanhar as mudanças regulatórias e fornecer os insights necessários para impulsionar um crescimento sustentável.
Conclusão
A governança corporativa concentra-se na estrutura e nos processos de uma empresa para garantir um comportamento corporativo justo, responsável, transparente e sustentável. Por isso as empresas precisam contar com ferramentas e especialistas que possam assegurar processos sólidos e bem definidos para mitigação de riscos, sendo que a inclusão da pauta ESG como diretriz obrigatória nas due diligences é, sem sombra de dúvidas, um caminho sem volta, que irá contribuir demais para o sucesso dos negócios da sua empresa.

AUTOR:

Thiago Barbosa, Diretor Administrativo da LexisNexis para a América Latina.