Big Data e Fake News

O fenômeno das fake news é diretamente relacionado com a tecnologia da informação. De fato, as fake news não são apenas uma mentira comum. Todavia, trata-se de uma desinformação deliberada, impulsionada por uma cadeia de comando inequivocamente ideológica. Disseminar notícias falsas não é uma novidade, mas os avanços tecnológicos favorecem o aumento e a rapidez com que as informações são divulgadas.

Por utilizar a estética jornalística, pode assim auferir certo grau de legitimidade e aparentemente verossimilhança ao reforçar uma tese. Assim, como forma de atingir o maior número de pessoas, em muitos casos, as fake news são disseminadas de forma artificial, direcionadas a partir da análise algorítmica.

Os algoritmos são abastecidos de dados pessoais, geográficos, padrões de uso das aplicações informáticas, orientação política e uma série de outros dados coletados de usuários de internet. A análise consiste em classificar em perfis de acordo com cada ação realizada em ambiente digital. Assim, uma vez determinado o perfil, a desinformação é compartilhada às pessoas de um determinado grupo mais propenso a aceitá-las.

Dessa forma, há uma alta probabilidade de que esses algoritmos confinem, cada qual, num ambiente moldado exclusivamente pelo reflexo de si próprio. Desse modo, o fenômeno das fake news é potencializado com a crescente facilidade de gerar e compartilhar informações na rede e com o uso de filtros informacionais desenhados por algoritmos.

Com as discussões políticas centradas nas redes sociais, conduz à reflexão sobre as consequências do tratamento de dados e a regulação das empresas que os detém por parte dos governos. Aliás, observa-se que o mecanismo de segmentação de informações, inerente ao funcionamento das redes sociais, como WhatsApp, Facebook, Instagram e Twitter, é um dos pilares da desordem informacional contemporânea.

Sem dúvidas, as consequências podem ser desastrosas para democracias. O movimento de fake news durante a pandemia, por exemplo, comprometeu esforços os esforços no enfrentamento da pandemia da Covid 19. O discurso de ódio e fake news propagou desinformações no sentido de relativizar os efeitos da doença e politização do tratamento, inclusive com a prescrição de medicamentos com ineficácia comprovada. Ainda, descreditaram a eficácia de vacinas, do isolamento social e do uso de máscaras.

As eleições presidenciais estadunidenses de 2016 também foram afetadas pela desinformação, pelo tratamento ilegal de dados. Como resultado da construção de redes de desinformação, o debate público foi manipulado pela empresa Cambridge Analytica. Sabe-se, que a Cambridge Analytica foi utilizada na campanha eleitoral de Donald Trump durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016, para direcionamento de mensagens e notícias falsas a grupos eleitorais específicos.

Sem o consentimento dos usuários, a Cambridge Analytica analisou dados de 50 milhões de usuários do Facebook. O usuário ao conceder permissão de acesso ao respectivo aplicativo, também permitia, sem ter consciência, o acesso a informações sobre gênero, sexualidade e posições políticas.

Diante do exposto, a expansão da Era do Big Data torna mister a regulação legislativa, no que tange ao respeito da proteção de dados pessoais, além da perspectiva do Direito Eleitoral, haja vista a influência sobre campanhas eleitorais e a política.

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