Desafio da Fake News

O avanço do digital é um fenômeno notório e inquestionável. Numa perspectiva geral, todos nós manipulamos, veiculamos, compartilhamos e armazenamos milhares de dados, pessoais ou não. Não são necessárias grandes pesquisas ou estudos aprofundados para que possamos afirmar que nunca na história foram gerados e armazenados tantos dados eletrônicos e/ou digitais. As empresas passaram a contratar pessoas dedicadas a análise de dados, armazenamento de dados, proteção de dados, dentre outros.  Num teste rápido, podemos abrir a galeria de fotos em nosso aparelho celular. Quantas fotos possuímos? Centenas? Milhares? Em quantos portais eletrônicos (e-commerce; bancos; instituições de ensino; etc.) possuímos dados pessoais armazenados? Dezenas? Essas são algumas das perguntas que tenho feito a mim mesmo em busca de entender o fenômeno global de criação, compartilhamento e armazenagem de dados, especialmente, dados pessoais.

Em paralelo a esse fenômeno de geração de dados eletrônicos, estamos vivendo um grande paradoxo. Vivemos na era da informação digital. Possuímos acesso a uma imensa base de dados. Base de dados que está disponível 24 horas por dia, 07 dias por semana e 365 dias por ano. Em qualquer lugar. Acessível através de praticamente todos os dispositivos eletrônicos (celulares, computadores, tablets, etc.). Não conseguimos nem sequer entender com clareza qual é a quantidade exata de dados que cada indivíduo gera todos os dias.  O paradoxo é que em meio a esse tsunami de dados, podemos facilmente nos perder em dados falsos, inexatos, inverídicos, fake news, ou seja, nos perder numa grande desinformação. Desinformação, fake news, haters, diversos fenômenos e agentes que nada contribuem para a sociedade. Especificamente em relação às denominadas fake news, vimos o impacto disto nas eleições americanas de Donald Trump há alguns anos. A manipulação de informações e dados e, pior, a criação de dados sabidamente falsos é um risco enorme que enfrentamos na área da informação digital. A alta velocidade de compartilhamento de informações inexatas, incorretas ou inverídicas e a disseminação de fake news é uma doença para a qual ainda não há uma cura específica.

Em nossas próprias famílias e rede de colegas e amigos conhecemos pessoas que poderiam ser consideradas especialistas na criação de fake news e/ou no compartilhamento de informações inverídicas. Afinal, qual é o tamanho do dano que uma única pessoa pode causar compartilhando uma informação inverídica? Disseminando uma fake news? A depender do caso, praticamente incalculável.

Por isso, precisamos cada vez mais de ferramentas, recursos, diretrizes, regulamentações e, acima de tudo, segurança no tratamento de dados que assegurem a veracidade e segurança das informações que estão disponíveis e sendo compartilhadas nas plataformas digitais. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais é um avanço e tanto nesse sentido, mas sozinha não é suficiente. Os principais players, controladores e processadores de dados devem entender a importância do assunto e investir na segurança das informações. Os riscos envolvidos na criação, manipulação, compartilhamento, armazenagem, etc., de dados são enormes. Tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. É preciso encorajar indivíduos, organizações e órgãos públicos a assumirem seus respectivos papeis na era digital.

Na qualidade de pessoa física, titular de dados pessoais, usuário diário de plataformas digitais e aplicativos, me preocupo com os dados que recebo, com os dados que compartilho, com os dados que armazeno, com os riscos a que estou exposto e todos os desdobramentos decorrentes disto.

Um desafio e tanto pela frente.

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